domingo, 31 de março de 2013

Cristo ressuscitou verdadeiramente! Aleluia!


A vitória de Cristo sobre a morte foi o selo real e autêntico de sua divindade, em cada gesto e palavra que Ele nos deixou. Vitória que não se limitou a um evento, mas que fundamenta tudo o que cremos e ilumina nossos passos.

Celebrar a Páscoa neste Ano da Fé significa acolher de maneira mais profunda e consciente o grande dom de Deus para nós, de sermos seus filhos, renascidos para a vida pela morte do próprio Filho na cruz. Tal gesto de infinito amor nos interpela a uma resposta livre e coerente, como compromisso pessoal com Aquele que deu-se a si mesmo por nós.

A alegria não se esgota no ciclo litúrgico, mas deve penetrar todas as dimensões de nossa vida, de nossos relacionamentos e tarefas, transformando as realidades mais difíceis e dolorosas e conferindo um significado sublime a cada sofrimento unido à cruz do Senhor. Diante das ocorrências que nos atinge, em nível pessoal ou comunitário, sempre surgem sinais da Páscoa nas manifestações de generosidade e esperança que encontramos. Vida que vence a morte, doação que supera o egoísmo.

Somos mensageiros do anúncio da Ressurreição ao mundo, como vozes que se levantam em meio à cultura do materialismo e da indiferença. Com este entusiasmo pascal é que estamos preparando a Jornada Mundial da Juventude, testemunho da vida em Cristo que queremos levar aos irmãos.

Meus caríssimos amigos diocesanos, desejo a todos uma feliz e santa Páscoa cotidiana, que transborde da celebração litúrgica para o dia a dia, com o poder renovador da Ressurreição de Cristo em suas vidas e o fruto do acolhimento aos irmãos. Sejamos sinais da Páscoa em cada ambiente que frequentamos e também para tantos que virão de longe estar conosco na próxima Jornada, unidos na oração e no trabalho pelo mesmo ideal de construir uma sociedade renovada, uma sociedade pascal.



Dom Orani João Tempesta
Arcebispo Metropolitano do Rio de Janeiro




sexta-feira, 29 de março de 2013

"Se o Senhor lavou os pés de seus discípulos, deve-se fazer o mesmo"


ROMA - O Papa Francisco escolheu um reformatório de Roma como cenário inédito para parte das celebrações desta Quinta-feira Santa. Após celebrar uma missa na Basílica de São Pedro, no Vaticano, pela manhã, o Pontífice seguiu para o Instituto Penal para Menores Casal del Marmo, onde lavou e beijou os pés de 12 jovens. Em mais uma demonstração de humildade, o Pontífice quis mostrar que estava a serviço, lembrando o gesto de Jesus na Última Ceia, quando lavou os pés dos 12 Apóstolos. Segundo porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi, Francisco abraçou e beijou todos os detentos do instituto.


      "Se o Senhor lavou os pés de seus discípulos, deve-se fazer o mesmo" - disse o Papa, segundo a Rádio do Vaticano.
       O acesso da mídia ao local foi limitado devido à presença de menores. Francisco, que preside pela primeira vez como Papa os tradicionais ritos da Semana Santa, lavou os pés de dez meninos e duas meninas, sendo que uma delas é católica e a outra é muçulmana. Alguns deles pediram que seus pés fossem lavados, enquanto outros foram convidados pelo Pontífice. No total, cerca de 10 meninas e 40 meninos de diferentes nacionalidades e religiões participaram da missa no Casal del Marmo.
       A cerimônia foi acompanhada por cantos e música e transmitida apenas pela emissora do Vaticano. Os jovens presentearam o Papa com um crucifixo e um genuflexório feitos por eles mesmos. Francisco, por sua vez, entregou a eles ovos de chocolate e o pão típico italiano.
       "Estou feliz de estar aqui com vocês. Sigam em frente e não deixem que lhe roubem a esperança. Entenderam? Sempre com a esperança, adiante" - disse Francisco.
       O cardeal italiano Agostino Vallini, que celebrou a missa com o Papa no presídio, afirmou que “foi uma experiência muito forte”.
       "A presença do Santo Padre, as suas palavras, a sua proximidade com os jovens, o seu olhar de afeto e de amor tocaram todos" - destacou Vallini, de acordo com a agência Ansa.
Ao comentar sua visita ao local, o Papa disse que os jovens lhe ajudariam a ser “mais humilde, a ser servidor, como um bispo deve ser”.
       "Quando me perguntaram que lugar eu queria visitar, a escolha por Casal del Marmo me veio do coração. E as coisas do coração não têm explicação" - contou.
A cerimônia de lava-pés é uma tradição nas cerimônias católicas que antecedem a Páscoa. Jorge Mario Bergoglio, que quando era arcebispo de Buenos Aires lavou os pés de pacientes com HIV, escolheu os jovens de um instituto penal para a sua celebração como Pontífice.
       Mais cedo, em sua primeira Missa do Crisma como Papa, Francisco exortou os religiosos a irem às periferias, onde há sofrimento e sangue, e a serem “pastores com cheiro de ovelha”. O Pontífice pediu aos sacerdotes que superem a crise de identidade “que ameaça a todos e se soma a uma crise de civilização” e que não sejam meros gestores, mas mediadores entre Deus e o povo. Segundo ele, o sacerdote que não vai às ruas, se distancia dos fiéis.

Fonte: O Globo


segunda-feira, 25 de março de 2013

Homilia do Papa Francisco na Celebração do Domingo de Ramos


Homilia do Papa na Missa de Domingo de RamosHOMILIA
Celebração do Domingo de Ramos
Praça São Pedro - Vaticano
Domingo, 24 de março de 2013
Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal/Rádio Vaticano
1. Jesus entra em Jerusalém. A multidão dos discípulos acompanha-O em festa, os mantos são estendidos diante d’Ele, fala-se dos prodígios que realizou, ergue-se um grito de louvor: “Bendito seja aquele que vem, o rei, em nome do Senhor! Paz no céu e glória no mais alto dos céus!” (Lc 19, 38).
Multidão, festa, louvor, bênção, paz: respira-se um clima de alegria. Jesus despertou tantas esperanças no coração, especialmente das pessoas humildes, simples, pobres, abandonadas, pessoas que não contam aos olhos do mundo. Ele soube compreender as misérias humanas, mostrou o rosto misericordioso de Deus, inclinou-Se para curar o corpo e a alma.
Este é Jesus. Este é o seu coração que olha para todos nós, que olha as nossas doenças, os nossos pecados. É grande o amor de Jesus. E assim entra em Jerusalém com este amor, e olha para todos nós. É uma cena bela: cheia de luz – a luz do amor de Jesus, aquele do seu coração – de alegria, de festa.
No início da Missa, também nós o repetimos. Agitamos os nossos ramos de palmeira e de oliveira. Também nós acolhemos Jesus; também nós expressamos a alegria de acompanhá-Lo, de senti-Lo perto de nós, presente em nós e em meio a nós, como um amigo, como um irmão, também como rei, isto é, como farol luminoso da nossa vida. Jesus é Deus, mas se abaixou para caminhar conosco. É o nosso amigo, o nosso irmão. Quem nos ilumina no caminho. E assim O acolhemos. E esta é a primeira palavra que gostaria de dizer a vocês: alegria! Nunca sejam homens e mulheres tristes: um cristão não pode nunca sê-lo! Não vos deixeis invadir pelo desânimo! A nossa não é uma alegria que nasce do fato de possuirmos muitas coisas, mas de termos encontrado uma Pessoa: Jesus, que está em meio a nós; nasce do saber que com Ele nunca estamos sozinhos, mesmo nos momentos difíceis, mesmo quando o caminho da vida é confrontado com problemas e obstáculos que parecem insuperáveis, e há tantos! E neste momento vem o inimigo, vem o diabo, disfarçado como anjo muitas vezes, e insidiosamente nos diz a sua palavra. Não o escuteis! Sigamos Jesus! Nós acompanhamos, seguimos Jesus, mas, sobretudo, sabemos que Ele nos acompanha e nos carrega aos seus ombros: aqui está a nossa alegria, a esperança que devemos levar a este nosso mundo. E, por favor, não deixem roubar a esperança! Não deixem roubar a esperança! Aquela que Jesus nos dá.
2. Mas nos perguntamos: Segunda palavra. Por que Jesus entra em Jerusalém, ou talvez melhor: como entra Jesus em Jerusalém? A multidão aclama-O como Rei. E Ele não Se opõe, não a manda calar (cf. Lc 19, 39-40). Mas, que tipo de Rei é Jesus? Vejamo-Lo: monta um jumentinho, não tem uma corte que o segue, não está rodeado de um exército símbolo de força. Quem O acolhe são pessoas humildes, simples, que têm o sentido de ver em Jesus algo mais; tem aquele sentido da fé, que diz: Este é o Salvador. Jesus não entra na Cidade Santa para receber as honras reservadas aos reis terrenos, a quem tem poder, a quem domina; entra para ser flagelado, insultado e ultrajado, como preanuncia Isaías na Primeira Leitura (cf. Is 50, 6); entra para receber uma coroa de espinhos, uma vara, um manto de púrpura, a sua realeza será objeto de escárnio; entra para subir ao Calvário carregado em uma madeira. E aqui temos a segunda palavra: Cruz. Jesus entra em Jerusalém para morrer na Cruz. E é precisamente aqui que brilha o seu ser Rei segundo Deus: o seu trono real é o madeiro da Cruz! Penso naquilo que Bento XVI dizia aos Cardeais: vós sois príncipes, mas de um Rei crucificado. Aquele é o trono de Jesus. Jesus toma sobre si… Por que a Cruz? Porque Jesus toma sobre si o mal, a sujeira, o pecado do mundo, também o nosso pecado, de todos nós, e o lava, o lava com o seu sangue, com a misericórdia, com o amor de Deus. Olhemos ao nosso redor: quantas feridas o mal inflige à humanidade! Guerras, violência, conflitos econômicos que afetam quem é mais vulnerável, sede de dinheiro, que depois ninguém pode levar consigo, deve deixá-lo. Minha avó dizia a nós crianças: a mortalha não tem bolsos. Amor ao dinheiro, poder, corrupção, divisões, crimes contra a vida humana e contra a criação! E também – cada um de nós o sabe e o conhece – e os nossos pecados pessoais: a falta de amor e de respeito com Deus, para com o próximo e para com toda a criação. Na cruz, Jesus sente todo o peso do mal e, com a força do amor de Deus, vence-o, derrota-o na sua ressurreição. Este é o bem que Jesus faz a todos nós no trono da Cruz. A cruz de Cristo abraçada com amor nunca leva à tristeza, mas à alegria, à alegria de ser salvos e de fazer um pouquinho daquilo que fez Ele naquele dia de sua morte.
3. Hoje, nesta Praça, há tantos jovens: há 28 anos o Domingo de Ramos é o Dia da Juventude! E aqui aparece a terceira palavra: jovens! Queridos jovens, eu os vi na procissão, quando vocês entraram; imagino-vos fazendo festa ao redor de Jesus, agitando os ramos de oliveira; imagino-vos gritando o seu nome e expressando a vossa alegria por estardes com Ele! Vós tendes uma parte importante na festa da fé! Vós nos trazeis a alegria da fé e nos dizeis que devemos viver a fé com um coração jovem, sempre: um coração jovem, mesmo aos setenta, oitenta anos! Coração jovem! Com Cristo o coração não envelhece nunca! Entretanto, todos sabemos e vós o sabeis bem, que o Rei que seguimos e que nos acompanha é muito especial: é um Rei que ama até à cruz e nos ensina a servir, a amar. E vós não tendes vergonha da sua Cruz! Antes, abraçam a Cruz, porque compreendem que é na doação de si mesmo, na doação de si mesmo, no sair de si mesmo, que se alcança a verdadeira alegria e que com o amor de Deus Ele venceu o mal. Vós levais a Cruz peregrina por todos os continentes, pelas estradas do mundo! Vocês a levaram respondendo ao convite de Jesus “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (cf. Mt 28, 19), que é o tema da Jornada da Juventude deste ano. Vocês a levam para dizer a todos que, na cruz, Jesus abateu o muro da inimizade, que separa os homens e os povos, e trouxe a reconciliação e a paz. Queridos amigos, também eu me coloco em caminho com vocês, na esteira do Beato João Paulo II e de Bento XVI. Já estamos perto da próxima etapa desta grande peregrinação da Cruz. Olho com alegria para o próximo mês de Julho, no Rio de Janeiro! Vinde! Encontramo-nos naquela grande cidade do Brasil! Preparai-vos bem, sobretudo espiritualmente, nas vossas comunidades, para que este Encontro seja um sinal de fé para o mundo inteiro. Os jovens devem dizer ao mundo: é bom seguir Jesus; é bom caminhar com Jesus; é boa a mensagem de Jesus; é bom sair de si mesmo, às periferias do mundo e da existência para levar Jesus! Três palavras: alegria, cruz, jovens.
Peçamos a intercessão da Virgem Maria. Que Ela nos ensine a alegria do encontro com Cristo, o amor com que O devemos contemplar ao pé da cruz, o entusiasmo do coração jovem com que O devemos seguir nesta Semana Santa e por toda a nossa vida. Assim seja.

Fonte: Site da Canção Nova