domingo, 13 de janeiro de 2013

Quem são os verdadeiramente ajudados? SOS Xerem


Pela segunda semana fomos a Xerém , depois da tragédia que ocorreu no inicio do ano. Ir lá está sendo uma experiência única. E não é porque ajudamos de alguma forma, mas por que no final das contas nós é que fomos ajudados a ter a nossa humanidade despertada. Escrevo esse texto como um diário de bordo, de forma pessoal porque não consigo não falar de como foi essa experiência.

Muitas vezes cremos que somos cristãos católicos pq seguimos um Cristo que recebemos na comunhão, mas quantas vezes de fato comungamos com aquele que é nosso irmão? E quantas vezes isso ocorre com o irmão que não conhecemos? E com aquele que precisa?

Ir a Xerém foi perceber que podemos fazer muito mais que aquilo a que nos propomos. É ir de encontro ao próximo, é enfrentar medos como o atravessar áreas onde a água tudo invadiu. É descobrir "talentos" como descascar batatas, mas é acima de tudo, olhar no outro e ver em seus olhos um agradecimento que vc não se sente digno de receber.

Fizemos tão pouco e no entanto esse pouco nos mudou demais. Vimos pessoas na nossa primeira ida desesperadas por ajuda, por água, vimos pessoas que perderam tudo e estavam ali ajudando a tirar a lama da casa das outras. Vimos varias religiões unidas, para separar roupas mas acima disso ouvimos relatos que mudaram com certeza as nossas vidas!

Hoje vimos uma senhora que estava com o pé operado de licença médica e mesmo assim ela estava lá desde a quinta-feira da tragédia, cozinhando para as outras que td perderam. Vimos jovens das bases da região  abrindo mão de suas férias para estar lá ajudando. Ouvimos um senhor que abriu seu bar pra dar água (ele não vendeu), dar água pra gente enquanto andávamos distribuindo doações nas áreas atingidas. Conversamos com pessoas vindas de várias dioceses. Andamos de pick up, na boleia junto com garrafas de água e ração, com máscaras pela quantidade de poeira e lixo orgânico .. vivemos coisas que nunca esperávamos mas o que mais nos marcou foi a solidariedade latente naquele povo que por mais que atingido pela tristeza, se doava por inteiro! 

E vivemos a providência, do alimento que chegava sem esperarmos, das cinco quentinhas divididas entre onze pessoas, das kombis que nos levavam sem nem sabermos pra onde e nos traziam em segurança sem nem pedirmos. Acho que agora, podemos dizer que sentimos na pele o que é ser missionário, o que é olhar pro irmão, sorrir com sua alegria e chorar sua tristeza.

Agradecemos a Deus a oportunidade de ter podido ajudar. E não pq doamos nosso tempo, mas pq recebemos muito mais do que sonhávamos em dar! Recebemos um choque de realidade, recebemos o amor de Deus em estado puro, no amor aos irmãos. Nessas horas entendemos o que é ser cristão e o que é estar na Pastoral da Juventude! 




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